“Meu coração está aos pulos! Quantas vezes minha
esperança será posta à prova? Por quantas provas terá ela de passar? Tudo isto
que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro... Do meu
dinheiro, do nosso dinheiro, que reservamos duramente para educar os meninos
mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais...
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar
o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no
nosso nariz. Meu coração está no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples
de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam. ‘Não roubarás’.
‘Devolva o lápis do coleguinha’; ‘esse apontador não é seu, minha filha’. Ao
invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido de escutar, até habeas
corpus preventivo, coisa da qual eu nunca tinha ouvido falar e sobre a qual
minha pobre lógica insiste. Esse é o tipo de benefício que só ao culpado
interessará.
Pois bem, se meteram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido. Então agora eu vou sacanear, mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem.
Dirão:
Pois bem, se meteram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido. Então agora eu vou sacanear, mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem.
Dirão:
- ‘Deixa de ser boba! Desde Cabral que aqui todo mundo rouba.
E eu vou dizer:
- ‘Não importa, não será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez, eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês’.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau!
Dirão:
- ‘É inútil! Todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal’!
E eu direi:
- ‘Não admito! Minha esperança é imortal. E eu repito: i-mor-tal’!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final”.
E eu vou dizer:
- ‘Não importa, não será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez, eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês’.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau!
Dirão:
- ‘É inútil! Todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal’!
E eu direi:
- ‘Não admito! Minha esperança é imortal. E eu repito: i-mor-tal’!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final”.
Elisa Lucinda
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